sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Sig-Sauer P220

Diono Carlo, primeiro assessor do prefeito do rico município de Papiro do Norte, já estava angustiado. Esperava há uns cinco minutos naquele ambiente escuro com luzes azuis e música alta. Estava bem longe de casa e desconfortável. Quando seus pensamentos foram interrompidos, um alívio. Ela chegou, postou-se ao seu lado, estonteante como sempre, cigarro numa mão bem feita de unhas lindas e longas. Os cabelos loiros e os olhos claros que reforçam o que ela costuma falar, que é legítima descendente de alemães. Alta, elegante e vestida sensualmente. Sobre um longo vestido vermelho, um sobretudo trench-coat preto. Deu o seu sorriso costumeiro de garota de 18 anos, embora tivesse bem perto dos 30.
"Vamos, vamos." Disse Diono, apressado. "Vamos sair."
"Agora." Sorriu Olívia. Chama-se Olívia.
Do lado de fora, esperava o seu Lexus metálico novinho. A conversa começou no carro. Ele deitou as mãos no volante, olhou fixo para frente e respirou por um momento. Olívia jogou o cigarro na calçada, entrou, sentou-se e ajeitava os brincos perolados. A minúscula bolsa sobre as longas pernas dava algum charme quando justaposta ao vestido vermelho sangue que parecia brilhar no escuro. Ele começou:
"Preciso muito de você. Mais uma vez. Outro serviço importante." Disse sério, telegráfico.
"Quanto?"
"Bastante. Você vai ganhar bem."
"OK, estou às ordens. É só dizer."
"Você vai precisar disso." E estendeu a pistola alemã Sig-Sauer P220.
Os olhos de Olívia brilharam: "Caralho, é perfeita."
"Quem?"
"Teu irmão, o Souza Brito..."
"Você tá louco! Quer que eu mate um prefeito?!"
"Shiiii... isso mesmo. O prefeito. Presta atenção no que você vai ter que fazer". Enquanto falava, foi saindo com o Lexus.
"Essa pistola é linda... Depois, posso ficar com ela?"
"Cala a boca e ouve."

(Abril de 2007)

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